A Escócia vai se separar do Reino Unido?

Esta é uma questão difícil de ser respondida. Um fato é que dia 18 de setembro será um dia histórico para todos os escoceses. Será nesta data que os cidadãos do país irão às urnas votar “sim” ou “não” pela independência da Escócia em relação ao Reino Unido.

Antecedentes

A Escócia, localizada ao norte da ilha da Grã-Bretanha, durante muito tempo foi um reino independente. Porém, em 1707, quando os ingleses começaram a impor duras sanções econômicas contra os vizinhos do norte, o Parlamento Escocês foi obrigado a anexar seu território a Inglaterra, formando assim o Reino Unido da Grã-Bretanha.

Mas foi somente na década de 60 que alguns movimentos separatistas começaram a tomar força. Isto ocorreu porque foi descoberto inúmeras reservas de petróleo e gás natural pelo Mar do Norte, oceano que banha a costa escocesa. A partir da criação do Partido Nacional Escocês (SNP), os ideais separatistas cresceram ainda mais.

Alex Salmond, primeiro-ministro da Escócia. By Scottish Government – A National Conversation, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4010563

Em 2011, Alex Salmond, um dos líderes do SNP e primeiro-ministro da Escócia, viabilizou a criação de um plebiscito (consulta popular) ao povo escocês após conseguir maioria absoluta no Parlamento.

Quais são os prós e os contras da divisão?

Os escoceses ganhariam autonomia de um país independente, podendo tomar decisões próprias e retornar os lucros da exploração de petróleo no Mar do Norte para si próprio.

Porém, a divisão faria o país ser retirado da União Europeia e OTAN, por exemplo, já que a entrada da Escócia não seria automática. Um novo pedido teria que ser feito para a adesão nestes órgãos, o que prejudicaria a economia escocesa.

Somado a isso, a Escócia teria que criar uma nova moeda, visto que o governo britânico não autorizaria o país a usar a Libra Esterlina, caso a divisão seja realizada e teria que negociar cada pedaço do Mar do Norte com os ingleses, o que poderia demorar muito. Outro empecilho a separação é que o Reino Unido hoje é uma das regiões mais estáveis da Europa, sair deste campo seria muito perigoso.

Como os outros membros do Reino Unido veem a saída da Escócia?

O Parlamento Inglês vê a saída da Escócia como um erro, afirmando que “o Reino Unido é mais forte junto”. O clima que ronda o parlamento é de muita apreensão. A virada das pesquisas fez com que, de forma desesperada, o governo britânico prometesse mais autonomia à Escócia, o que foi mal visto pelos separatistas.

E a população da Escócia?

Em azul escuro, a Escócia. O restante do Reino Unido em azul claro. Por Peeperman – Este ficheiro foi derivado de  British Isles United Kingdom.svg:, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=20896837

Os cidadãos escoceses que pretendem votar “sim” pela independência tem crescido muito nos últimos meses. Há algum tempo atrás, estes não passavam de 20% da população. Hoje, já somam 51%, ante 49% dos que votarão “não”. Isto faz com que o futuro do Reino Unido seja totalmente incerto.

Caso o “sim” vença, se iniciarão uma série de negociações entre Escócia e Reino Unido, quando no dia 24 de março de 2016, o Reino Unido oficialmente seria dividido.

A independência da Escócia pode incentivar ainda movimentos separatistas em outras regiões da Europa, como na Espanha e na Bélgica. Isto significa que a independência da Escócia pode mudar, e muito, o cenário político e econômico europeu.

Atualização

55% dos escoceses decidiram no referendo desta quinta-feira (18) pelo “não”. Logo, a Escócia continua fazendo parte do Reino Unido. Mais de 80% dos eleitores foram às urnas. O “sim” venceu em cidades importantes como Glasglow (53%), Dunbartonshire (54%), Dundee (57%) e North Lanarkshire (51%), mas perdeu na capital, Edimburgo, com apenas 39%.

Fontes: Portal Terra e DW

Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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