China (I) – A instauração do socialismo e as Quatro Modernizações

A República Popular da China é um país localizado no leste asiático, fazendo fronteira com a Rússia, Coréia do Norte, Mongólia, Cazaquistão, Nepal, Butão, Índia, Mianmár, Laos e Vietnã. É o terceiro maior país do mundo em extensão territorial e tem a maior população do planeta. Nas últimas décadas, a China tem crescido nos planos econômico e geopolítico, sendo membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e fazendo parte da OMC (Organização Mundial do Comércio). Atualmente, o país asiático tem a segunda maior economia do mundo.

A FORMAÇÃO DAS DUAS CHINAS

A China é uma nação de povoamento milenar. Por muito tempo, a região foi dominada por uma monarquia que fechou o país para o resto do mundo. Até o século XVIII, enquanto a Europa passava pelo período do imperialismo, onde as potências mundiais procuravam novas colônias para fomentar o sistema capitalista, a China permanecia fechada para o comércio exterior, com apenas um porto autorizado a comercializar com o ocidente. Até que, a partir de 1839, a Guerra do Ópio deflagrou a entrada, mesmo que forçada, de forças imperialistas no país. Inglaterra, França, Japão, Rússia, Alemanha e Estados Unidos começaram a explorar as riquezas chinesas.

Insatisfeita com a omissão do imperador, a população da China começa a organizar forças contra o governo. Em 1900, é criado o Partido Nacionalista (Kuomintang), fonte de oposição ao domínio imperial. Em 1921, apoiando os ideais anti-imperiais dos nacionalistas, surge o Partido Comunista Chinês. Juntos, os dois partidos derrubam o imperador. Porém, a partir de 1927, com a morte de Sun Yat-sen, fundador do Partido Nacionalista, os dois grupos iniciam uma guerra civil pelo controle do país.

Liderados por Mao Tsé-Tung, os comunistas vencem a disputa e proclamam a República Popular da China. Os nacionalistas, liderados por Chang Kai-chek, fogem para a ilha de Formosa, próximo ao litoral da República Popular, onde declaram a República da China (Taiwan). Enquanto a “grande China” de Tsé-Tung implementa o sistema socialista, Kai-chek faz do capitalismo o sistema econômico do novo país. A partir deste ponto, a República Popular da China começou a reconhecer Taiwan como uma “província rebelde”.

No período da Guerra Fria, os EUA apoiaram a China Taipei (Taiwan) contra o socialismo chinês, dentro do contexto do Cordão Sanitário, ajudando o país a integrar-se a ONU. Os conflitos entre as “duas Chinas”, porém, continuam até os dias atuais.

O GRANDE TIMONEIRO

Após a Revolução Chinesa, coloca-se em prática uma forma de governo autoritária no país, liderada pelo Partido Comunista Chinês. Mao Tsé-Tung, líder da Revolução, assume o cargo de secretário-geral com o título de Grande Timoneiro. Inicialmente, o país segue o modelo de industrialização na economia planificada implementado na URSS, onde o Estado é dono de todos os meios produtivos. Também ocorre a instalação das fazendas coletivas (comunas populares).

Mao Tsé-Tung

A maior parte da população chinesa nesta época vivia no campo. Somente a partir da década de 1950 que foi implementado no país a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento de um parque industrial, voltado, nos moldes soviéticos, para a indústria de base e para a indústria bélica, no plano denominado “Grande Salto Para Frente”. O projeto, porém, fracassa por uma série de motivos, entre eles, a baixa produtividade e um conjunto de problemas naturais no período. Aliado a isto, o forte êxodo rural provocou uma grande queda de produção no campo, levando a China a passar pelo período da “Grande Fome”.

Abalado, o Partido Comunista Chinês lança a Revolução Cultural, que tinha como objetivo perseguir os opositores do governo central, segundo os preceitos do Livro Vermelho, de Tsé-Tung. Unindo os problemas políticos com os problemas econômicos, a China afasta-se da URSS, por conta de uma série de disputas pela hegemonia do bloco socialista e isola-se do resto do mundo. Porém, aos poucos, a partir da década de 1970, o país do leste asiático começa a estreitar laços com os EUA e com o restante do ocidente. A prova deste processo foi a entrada do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, em 1972.

A ERA DENG XIAOPING E AS QUATRO MODERNIZAÇÕES

Após a morte de Mao Tsé-Tung, Deng Xiaoping assume o cargo de secretário-geral do país, ficando encarregado de melhorar a situação política e econômica chinesa. Com este intuito, Xiaoping começou, aos poucos, a abrir o país para o capital estrangeiro, começando a absorver e incorporar características capitalistas ao comunismo chinês: era o socialismo de mercado.

Deng Xiaoping

Como uma das medidas para melhorar a situação chinesa, o país passou por um processo conhecido como Quatro Modernizações, que nada mais eram que reformas em áreas estratégicas do país: indústria, agricultura, defesa e tecnologia.

A primeira área a sofrer alterações por Xiaoping foi a agricultura. As comunas populares foram extintas, os agricultores ganharam permissão para vender seus produtos, foi criado um sistema de subsídios para a produção agrícola e foi instaurado o trabalho assalariado no campo. Tais medidas estimularam a movimentação de dinheiro e a criação de mercado consumidor nas áreas que ainda concentravam boa parte da população chinesa: o interior.

Por No machine-readable author provided. Alanmak~commonswiki assumed (based on copyright claims). – No machine-readable source provided. Own work assumed (based on copyright claims)., CC BY 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=755011

Na década de 1980, a abertura econômica estendeu-se ao setor industrial. Foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), onde ficaria livre o investimento de capital estrangeiro. Tal medida era atrativa para as empresas transnacionais vista a abundante, barata e disciplinada mão-de-obra chinesa, além dos subsídios fiscais. A partir de 1997, a China reincorpora a seus territórios Hong Kong e Macau, colonizados por britânicos e portugueses, respectivamente, comprometendo-se em manter o sistema capitalista nestas regiões.

Apesar da abertura econômica, a China ainda preserva o sistema político comunista do tipo totalitário. Logo, vale a máxima “um país, dois sistemas”. As ZEEs, concentram os investimentos e o desenvolvimento em poucos pontos do país. O restante da população, porém, vive em regiões com pouco crescimento econômico. O desemprego, problema inexistente na economia planificada, também começou a assolar a China, visto que as indústrias das Zonas Econômicas Especiais não conseguiram absorver toda mão-de-obra disponível. Além disso, é comum no país as perseguições políticas a grupos opositores, além de restrições ao acesso à internet e à liberdade de expressão.

Saiba mais sobre o clima, o relevo, a vegetação e a hidrografia da China. Clique aqui.

Assista também nossa aula sobre o assunto:

Share

Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

One Comment

  1. Felipe Reply

    Olá!
    O texto ficou muito bom. Porém, acredito que a monarquia foi derrubada em 1912 quando ainda não existia o partido comunista.
    Abs!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.