Ciclo Geográfico de Willian M. Davis

Imagem do Rio São Francisco, na Bahia

Para Davis, os rios são os principais modeladores do relevo. Imagem do Rio São Francisco, na Bahia. Por Fronteira – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0.

Willian Morris Davis foi um geógrafo americano que viveu entre o final do século XIX e início do século XX. Entre suas principais contribuições para a geografia, destaca-se a criação do conceito de Ciclo Geográfico, pelo qual ele tentava explicar a origem das principais formas de relevo do planeta.

Primeira etapa – juventude

A primeira etapa do ciclo consiste em um rápido soerguimento de uma superfície qualquer. É válido lembrar que Davis viveu em um período onde a Teoria da Tectônica de Placas ainda não era conhecida.

Após este soerguimento veloz, se sucederia um período de estabilidade, onde os rios passariam a modelar a superfície. Estes rios recém formados, por conta do relevo abrupto, são velozes e escavam seus leitos com grande profundidade. Diz-se que são rios em estado de juventude. Geralmente formam vales encaixados e, com o tempo, formam também declividades com facetas triangulares.

Segunda etapa- maturidade

Enquanto erodem o relevo soerguido, estes rios ativos vão cada vez mais suavizando as encostas adjacentes a seu leito. Ao mesmo tempo, o fluxo fluvial vai perdendo energia e a altimetria da região vai diminuindo. O rio está em seu estágio de maturidade.

Terceira etapa – senilidade

No fim do processo, o trabalho de erosão já foi tão intenso que aquela superfície abrupta já se transformou em uma planície levemente ondulada, onde o rio flui vagarosamente, acumulando sedimentos em seu leito e formando meandros. A erosão cessa completamente, visto que o leito atingiu o nível abaixo da qual a erosão é impossível – o chamado nível de base. Geralmente este nível é o nível do mar. Aqui, chegamos no estágio de senilidade.

Neste estágio, temos formada uma superfície trabalhada pela erosão fluvial, conhecida como peneplanície.

Esquema de um ciclo geográfico (Strahler, 1971)

Esquema de um ciclo geográfico (Strahler, 1971)

Formada a peneplanície, a região está apta para um novo soerguimento.

Por vezes, é comum que algumas porções do relevo acabem não sofrendo com a erosão lateral dos rios, conservando sua altitude original. São os chamados morros testemunhos, ou monadnock.

Apesar de atualmente, com o conhecimento da tectônica de placas, sabermos que a realidade da formação e da modelagem do relevo é muito mais complexa, a teoria de Davis foi muito importante para a evolução da geomorfologia estrutural.

Em especial, sua classificação antropomórfica da evolução dos rios (juventude, maturidade e senilidade) é usada até hoje, além da sua contribuição com a formulação do conceito de nível de base.

Referência:

DAVIS, William M. O ciclo geográfico. Boletim Campineiro de Geografia, v. 3, n. 1, p. 139-166, 2013.

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

One Comment

  1. Gabriel M. Martinez Reply

    Esse site foi um achado! Parabéns por ele!
    Faço Bacharelado em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, mas se tem uma disciplina que não me entra na cabeça de forma alguma é Geomorfologia. Se você um dia pudesse me ajudar com algumas atividades, eu agradeceria muito porque tenho Déficit de Atenção e ninguém tem paciência para me explicar.
    De qualquer forma obrigado e desculpe o textão!

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