Erosão eólica: deflação e corrasão

O vento, além de trabalhar na deposição e no transporte de sedimentos, também erode o terreno, criando formas específicas.

A erosão eólica ocorre através de dois principais processos: a deflação e a corrasão (ou abrasão).

Deflação

A deflação é um processo relacionado com a seleção de partículas na superfície.

Em um ambiente com substrato de material inconsolidado, como desertos ou em região costeira, a superfície é composta por grãos de variados tamanhos.

O vento, como visto na postagem sobre transporte eólico, tem mais facilidade em carregar partículas de menor tamanho, fazendo este transporte por longas distâncias por suspensão.

Sendo mais suscetível ao transporte, aos poucos, o material mais fino vai sendo removido da superfície, restando grãos mais grossos.

Esquema do processo de deflação

Esquema do processo de deflação

Por vezes, esta remoção seletiva de material mais fino rebaixa o nível de algumas áreas, formando bacias de deflação. Se este rebaixamento for grande o suficiente para atingir o lençol freático, temos a formação de oásis.

A deflação também pode revelar rochas do substrato rochoso na superfície, criando os pavimentos rochosos, também conhecidos como regs.

Corrasão

A corrasão, também conhecida como abrasão eólica, é a erosão provocada pelo jateamento feito por partículas em suspensão ou saltação no ar.

O impacto de tais partículas em corpos maiores causa a desagregação do material, esculpindo formas típicas de ambiente de ação eólica, como ocorre na paisagem ruiniforme¹ em arenito no Parque Estadual de Vila Velha (PR).

"A Taça", elevação com formato peculiar no Parque Estadual de Vila Velha. Imagem: Ana Paula Hirama.

“A Taça”, elevação com formato peculiar no Parque Estadual de Vila Velha. Imagem: Ana Paula Hirama.

Além da desagregação, a corrasão também tem poder de polimento sobre os materiais estáticos.

Dentre os principais registros dessa ação polidora do vento, podemos citar os ventifactos e os yardangs.

Ventifactos são rochas com duas ou mais faces polidas, formadas através da ação dos jateamentos de partículas. Geralmente, o polimento ocorre a princípio em apenas uma face e, a partir do rolamento da rocha, passa a atuar em outra parte da mesma.

Ventifacto na Califórnia. Imagem: De Wilson44691 - Trabalho do próprio, CC0.

Ventifacto na Califórnia. Imagem: De Wilson44691 – Trabalho do próprio, CC0.

Já os yardangs são protuberâncias alongadas com orientação bem definida formadas pela ação de ventos unidirecionais sobre um terreno argiloso.

Yardang no Texas (EUA)

Yardang no Texas (EUA)

Uma característica interessante do polimento causado pelo vento é que as faces trabalhadas por ele apresentam brilho fosco.

¹ Segundo o Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais, da UEPG, relevo ruiniforme é uma “feição morfológica semelhante a ruínas, isto é, forma de relevo que ocorre em conseqüência da erosão que esculpe principalmente os arenitos, elaborando esculturas naturais na paisagem, em conseqüência da ação da água das chuvas, do sol e da atividade biológica”.

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

2 Comments

  1. Christiane Carvalho Uchoa Reply

    Muito me ajudou em um trabalho de Geodiversidade ; explicações claras ,ilustrações pertinentes e ótimo conteúdo. Parabéns !

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