Estudo dos solos (III): Classificação dos solos brasileiros

O relevo brasileiro é caracterizado por sua estabilidade, visto que a área determinada pelo nosso país não sofreu, nas últimas eras, grandes transformações geológicas. Esta característica acaba se manifestando na composição dos solos, visto que suas características, em geral, são estabelecidas por agentes externos, com atenção para o clima.


Visto isso, convencionou-se uma classificação dos solos brasileiros que leva em conta diversos aspectos físicos, como porosidade, fertilidade e composição química, atenuando a importância dos solos para atividades do setor primário, em especial à agricultura. Veja abaixo os principais tipos.

Latossolos

Segundo o Embrapa, os latossolos são correspondentes a 31% dos solos brasileiros, em uma área de mais de 2,5 milhões de km². Este solo engloba regiões variadas, desde o cerrado até a floresta amazônica, situados geralmente em regiões planas ou com poucas ondulações.

Geralmente os latossolos são profundos, atingindo mais de 2 metros de profundidade, com uma cor que varia entre um vermelho escuro e um amarelo. Em geral, os horizontes apresentam pouca diferenciação. O destaque vai, porém, para o horizonte B, mais espesso que os outros.

Para a agricultura, o solo pode ser útil apenas através do manejo de adubos e correções. Os latossolos têm composição mineral e são ácidos. Outra característica interessante deste solo é sua porosidade, visto que em algumas regiões é possível identificar pequenas estruturas de formato arredondado que se agregam de forma a deixar espaços entre uma e outra.

Argissolos

Os argissolos são típicos de regiões com relevo acidentado, ocorrendo frequentemente nas encostas dos cerrados. Também são predominantemente minerais e apresentam um nível de acidez elevado.

Uma característica peculiar é a forte diferenciação entre texturas dos horizontes A e B. Este aspecto interfere diretamente no fluxo de infiltração do solo, ocasionando uma grande suscetibilidade à erosão. Portanto, os argissolos necessitam de adubação e correção correta para o uso na agricultura.

Cambissolos

Localizado em uma área de aproximadamente 27.500 km², os cambissolos são solos rasos e de formação recente, onde boa parte de suas características acabam variando de uma região para outra. Podemos encontrá-lo na região nordeste, geralmente nos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

Este solo tem boa capacidade agrícola, em especial em regiões com relevo pouco acidentado. Um fator limitante, porém, é a baixa permeabilidade, devido em partes pela pouca espessura. Este aspecto torna os cambissolos propensos à erosão e também aos alagamentos.

Litossolos

Este tipo de solo é típico das regiões semiáridas da caatinga. Apesar de serem duros e rasos, os litossolos são muito ricos em minerais, visto que não sofrem com o problema da lixiviação – consequência direta dos baixos índices pluviométricos. Também são conhecidos como solos esqueléticos.

Vertissolos

Chamados também de massapê, os vertissolos são predominantes da região da mata nordestina. Foram e ainda são muito utilizados para o plantio da cana-de-açúcar.

Geralmente ocorrem em regiões planas e apresentam pouca permeabilidade.

Estudo dos solos (I): Definição e elementos formadores
Estudo dos solos (II): Perfil e classificações básicas
Estudo dos solos (III): Classificação dos solos brasileiros (Atual)
Estudo dos solos (IV): Consequências do uso indevido do solo
Estudo dos solos (V): Técnicas para conservação do solo

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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