Qual significado, afinal, das cores da bandeira do Brasil?

A bandeira do Brasil é composta pelas cores verde, amarelo, azul e branco. Você já deve ter ouvido várias teorias sobre o significado dessas cores, mas qual delas é a correta?

Bem, a resposta para isto pode não ser tão simples quanto parece. A primeira vez que o Brasil adotou o verde-amarelo como cores nacionais foi com a independência de 1822.

A bandeira do Império do Brasil, que surgiu a partir daí, era constituída por um retângulo verde e um losango amarelo. No meio, o brasão imperial. Era, na verdade, uma adaptação da bandeira do Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, cargo na época ocupado por Dom Pedro I. A diferença entre as duas bandeiras é a coroa, que foi substituída.

Bandeira do Brasil Império
Bandeira do Brasil Império

O desenho foi criado por Jean Baptiste Debret e era inspirado nas insígnias militares francesas no período da revolução e de Napoleão.

Todavia, o decreto que institucionalizou a bandeira imperial em 1822 não fazia qualquer alusão ao significado das cores. Um decreto posterior, todavia, descreveu que o estandarte nacional “(…) será composto das cores emblemáticas — verde de primavera e amarelo d’ouro”.

Em 1823, um agente brasileiro, ao descrever ao príncipe do Império Austríaco a bandeira brasileira, utiliza pela primeira vez uma comparação com os símbolos de duas casas europeias: a casa de Bragança, de Dom Pedro I, e a casa dos Habsburgo, de Dona Leopoldina.

O verde é a cor dos dragões que dão suporte ao brasão dos Bragança. Já o amarelo é a cor predominante no escudo dos Habsburgo.

Brasão da casa dos Habsburgo. Verde era a cor dos dragões, suportes do brasão.
Brasão da casa dos Habsburgo. Amarelo é a cor predominante.

Em 1889, com a proclamação da República do Brasil, as cores de casas imperiais no principal símbolo nacional não faziam mais sentido. Mas o losango amarelo sobre o retângulo verde já estavam estabelecidos como cores nacionais no imaginário nacional. Tentar mudar isso já não era mais possível.

Isto pode ser visto no decreto que instituiu a nova bandeira.

“Considerando que as cores da nossa antiga bandeira recordam as lutas e vitórias gloriosas do Exército e da Armada na defesa da Pátria.

[…]

A bandeira adotada pela República mantém a tradição das antigas cores nacionais – verde e amarela – do seguinte modo: um losango amarelo em campo verde, tendo no meio a esfera celeste azul, atravessada por uma zona branca”

Isto ilustra o por que tentativas de mudar a forma e as cores nacionais não deram certo.

Então, difundiu-se que o verde da bandeira republicana faria referência às florestas, enquanto o amarelo às riquezas minerais, em destaque ao ouro. Seria, na prática, uma ressignificação dos mesmos tons de cores que já eram símbolos nacionais.

Mas,  nenhum decreto de fato mudou o significado das cores da bandeira. O que ocorreu foi, no imaginário popular, uma relação do verde com as florestas e do amarelo com o ouro, talvez influenciado por frases de Dom Pedro I, que se referia as cores como representantes da “riqueza e da primavera eterna do Brasil”.

Então, não há, legalmente dentro da república, nem associação do verde-amarelo com as casas reais europeias, nem com as riquezas naturais brasileiras. Criou-se, somente, um imaginário entorno de cores que transformaram-se em símbolos indissociáveis à cultura nacional.

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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