Conflitos étnico-separatistas (IV) – Irlanda

O conflito na Irlanda está enraizado em um caráter profundamente religioso. Tudo começa no século XII, quando Henrique II expande os domínios ingleses sobre a ilha da Irlanda, com o intuito de conquistar terras agricultáveis neste período de formação dos Estados Nacionais.

Mapa da ilha da Irlanda
A reforma protestante, surgida no Sacro Império (atual Alemanha) chega à Inglaterra e impulsiona a criação de uma nova corrente religiosa: o anglicanismo. A resistência dos irlandeses, em grande maioria católica, em ceder a tal processo de conversão acirrou os ânimos entre a Irlanda e a Coroa Britânica.

Mas é apenas no século XVII que o então rei da Inglaterra, Jaime I, inicia um massivo processo de colonização à ilha irlandesa. As províncias do norte, denominadas de Ulster, foram as regiões que mais receberam imigrantes. Neste ponto, temos um processo de “anglicanização” do norte da ilha.

Arthur Griffith, um dos fundadores
do partido Sinn Fein.

Com a disseminação dos sentimentos de liberdade entre o povo católico da Irlanda, é criado em 1905 o Sinn Fein, movimento fundado por Arthur Griffith que visava aumentar a participação irlandesa no parlamento inglês, viabilizando assim uma independência. Com a força do grupo, em 1919 a Irlanda se autodeclara independente do Reino Unido da Grã-Bretanha. Após um conflito que durou cerca de dois anos, a Inglaterra aceita a independência de cerca de dois terços da ilha da Irlanda, impedindo a independência das províncias anglicanas do norte: o Ulster. Surgia a Irlanda do Norte.

O IRA

Também em 1919 surge o IRA (Exército Republicano Irlandês), fundado por Michel Collins. Com caráter terrorista, o grupo se opunha, assim como o Sinn Fein, à criação da Irlanda do Norte. Para Collins, era necessário “ter a liberdade para alcançar a liberdade”. As visões opostas do IRA e do Sinn Fein em relação ao parlamento irlandês resultaram em uma guerra civil que provocou, inclusive, a morte do líder do IRA.

Michael Collins

Os problemas em relação a questão irlandesa estavam longe de acabar. A minoria católica no Ulster era constantemente discriminada pela maioria protestante. Eram impedidos de votar, não tinham direitos à cargos políticos, tinham os piores empregos e menores salários. Aos poucos, foi surgindo um desejo dentre os católicos da Irlanda do Norte em lutar por melhores condições de vida. A partir da década de 1960, protestos pacíficos foram se tornando cada vez mais comuns, embora fossem constantemente reprimidos de forma violenta pelo exército britânico.

Em 1972, ocorre o Blood Sunday (Domingo Sangrento), episódio que marcou o reinício dos conflitos armados na luta pela independência do Ulster. No dia 30 de janeiro deste ano, durante um protesto pacífico de católicos em Derry, Irlanda do Norte, cerca de 13 jovens foram assassinados e 14 foram feridos pelas forças inglesas. Em retaliação, o IRA volta a promover ataques terroristas.

 

As forças pró-Inglaterra começam a ser organizar na Irlanda do Norte. Surge o Partido Unionista, liderado por lan Paisley, e a Força dos Voluntários do Ulster, grupo paramilitar que também utilizava-se de técnicas parecidas com as utilizadas pelo Exército Republicano Irlandês.

O ACORDO DA SEXTA-FEIRA SANTA

Desde a década de 1970 até o início do século XX, várias negociações tentaram uma resolução em relação a questão irlandesa, nenhuma, porém, alcançou o objetivo. Foi somente em 1998 que, intermediado por Bill Clinton, foi assinado o Acordo da Sexta-Feira Santa entre o Sinn Fein e o Partido Unionista. Entre as resoluções do acordo, podemos citar o aumento do poder dos católicos na Irlanda do Norte, com o divisão proporcional de cadeiras no parlamento. A questão irlandesa está, então, por enquanto, estável.

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Exercícios

Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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